Medo de Ser Esquecido
Carrego um medo antigo de ser, um dia, perdido,
Que o rastro do meu riso se apague, sem sentido,
Que meu nome fique mudo, já nada ouvido,
E eu me dobre ao tempo, suave e rendido.
Procuro no espelho traços do que fui, partido,
Cada foto vira sombra, cada abraço, já ido,
Pergunto ao vento insistente se guardou o meu rastro contido,
E escuto só o eco breve do meu próprio gemido.
Não quero ser lembrança que o tempo deixou vencido,
Quero voz que atravesse anos, lembrança e ouvido,
Mas se a noite me reduz a um ponto indistinto, comprimido,
Prometo um sopro de poesia para não ficar esquecido.